O coração de Lyle batia violentamente. O zumbido que lhe atingia os ouvidos tornou-se mais forte e o mundo cambaleava como se estivesse distorcido. A visão estava escura e turva, e os sentidos pareciam desligar-se um a um. As pontas dos dedos formigavam e uma sensação de pele a ser arrancada envolvia todo o seu corpo. Ele cerrou os dentes instintivamente, mas a dor não mostrava sinais de parar, como uma onda gigante vinda de um abismo distante.

Mais uma vez, a voz soou em sua mente.

"...Lyle."

Desta vez era claro. Não era uma alucinação auditiva. Uma voz vívida, um eco que tocava no fundo. Era como se estivesse sussurrando em seu ouvido ou ecoando diretamente em sua mente.

De repente, todo o seu corpo estremeceu violentamente. Seu peito se apertou e seus músculos pareceram se contrair à força. Os sentidos foram amplificados loucamente. O vento chicoteava sua pele como se fosse rasgá-la, e até mesmo a luz fraca e bruxuleante do poste de luz era intensa o suficiente para queimar seus olhos. Todos os sons foram amplificados explosivamente e atingiram seus ouvidos. O som dos passos de um gato correndo pelo beco, o som de alguém engolindo a respiração silenciosamente do outro lado da janela, até mesmo o som do motor de um carro passando à distância - tudo isso surgiu como um rugido implacável.

"Keuk... !"

Lyle cerrou os dentes enquanto suor frio escorria de sua testa. Incapaz de manter o equilíbrio, ele colocou a mão no chão e até mesmo a sensação da fria laje de pedra tocando a ponta de seus dedos doía como se estivesse perfurando sua pele. Até mesmo respirar era doloroso. Era o limite. Se essa condição persistisse, ele entraria em um estado de fúria incontrolável.

Mas naquele exato momento.

"Lyle."

O terceiro chamado. Desta vez, estava mais perto. Uma sensação como se estivesse tocando diretamente em seu ouvido.

Em um instante, tudo parou.

O ruído que antes atingia seus ouvidos desapareceu como uma mentira. As sensações agudas que permeavam diminuíram gradualmente e sua visão tornou-se clara novamente. A dor não havia desaparecido completamente, mas pelo menos havia diminuído o suficiente para que ele pudesse recuperar a consciência.

Lyle respirou fundo e levantou a cabeça. Uma pessoa estava parada além de sua visão turva. Uma presença que podia ser vista claramente na escuridão. Sob a luz do poste de luz, seus olhos vermelhos capturaram o oponente.

Naquele momento, seu instinto o convenceu.

'... É essa pessoa.'

Uma pessoa que ele nunca havia conhecido em sua vida, mas que ele não podia deixar de reconhecer com apenas um encontro.

O guia de Lyle.